10 Motivos pelos quais HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO é o melhor filme do herói aracnídeos

A nova animação da Sony traz o Homem-Aranha que todos esperávamos

Por Maurício Muniz

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No final da década de 1990, a Sony Pictures (um dos maiores estúdios de Hollywood) deu a sorte de conseguir os direitos cinematográficos do Homem-Aranha, que ficaram espalhados por várias empresas por anos. O herói aracnídeo da Marvel se tornou uma importante fonte de renda para o estúdio: já tivermos seis filmes do herói e mais um desdobramento estrelado por Venom, o inimigo tradicional do Aranha. Todos os filmes deram lucro (alguns mais, outros menos), mas a Sony ainda estava devendo aos fãs um filme realmente bom sobre a eterna luta de Peter Parker para ser o herói que quer ser.

Agora, esse filme chegou, finalmente. A animação Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spiderverse, 2018) é a mais perfeita interpretação do personagem nas telas até hoje. Explicamos por que em dez pontos:

1) Animação é a melhor mídia pro Aranha

Já tivemos muitos desenhos animados do Homem-Aranha para a TV e sabemos que ele funciona bem nessa plataforma. Mas o alto orçamento de Aranhaverso (US$ 90 milhões) consegue recriar com fidelidade e de maneira empolgante os balanços do herói entre prédios, o ritmo de suas melhores histórias e incríveis cenários. Finalmente, quando o(s) Aranha(s) se balança(m) por Nova York, realmente o público balança junto.
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2) Recursos dos quadrinhos
O filme sabe bem qual é a mídia que o originou e faz um uso espertíssimo de balões de fala, balões de pensamento e recordatórios para pontuar a ação. É como ver um gibizão na tela.
3) Cores! Uau!
A paleta de cores do filme é de encher os olhos. Tudo é vívido, bonito, atraente. Novamente, parece uma história em quadrinhos, como se colorizada pelo grande Steve Oliff, o cara que revolucionou as cores na indústria dos gibis na década de 1990 – se você não sabe quem é Oliff, vale dar um Google.
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4) O Design
Algo que os filmes com atores não podiam nos dar eram os visuais exagerados dos quadrinhos. Aqui, os diretores Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman se esmeraram para criar imagens estilizadas impressionantes. O Rei do Crime, por exemplo, é tão enorme e ameaçador quanto poderia ser (quase na versão de Bill Sienkiewics para a graphic novel Demolidor: Amor e Guerra), enquanto a versão fracassada de Peter Parker tem sua cara cansada, amassada e desiludida desenhada de uma maneira exagerada que cabe perfeitamente ao seu perfil e história pregressa. Note também que, de vez em quando, as bordas da tela parecem desfocadas, numa escolha estética curiosa dos diretores.
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5) A trama: um gibizão
A história parece saída diretamente dos quadrinhos e tem a grandiosidade que só uma animação poderia apresentar da maneira correta. A figura central é Miles Morales, um garoto normal que acaba picado por uma aranha radioativa (você já conhece essa história) e acaba presenciando a morte do Homem-Aranha. Não bastasse esse trauma, Miles ainda começa a encontrar outras versões do herói aracnídeo vindos de realidades alternativas e perdidos em seu universo. Assim, para ajudar os novos amigos e salvar sua cidade, Miles é obrigado a enfrentar um plano apocalíptico do Rei do Crime e de seus vários asseclas. O roteiro de Phil Lord e Rodney Rothman tem humor, ação, emoção e não poupa as referências aos quadrinhos. Já falamos que é um gibizão?
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6) A essência dos personagens
Há meia dúzia de versões do Aranha transitando pelo filme – e todos eles são ótimas representações de suas versões nos quadrinhos. Miles Morales é um menino divertido e simpático, que se mete numa enrascada grande demais, mas seus medos e apreensões são sempre convincentes. Seus pais são figuras amorosas e simpáticas que logo conquistam o público. Tia May é uma figura durona, que já sofreu muito, mas mostra uma coragem inabalável. A Gwen-Aranha é uma heroína admirável, que não fica devendo nada a nenhum dos heróis. Wilson Fisk é um vilão odioso mas, no final das contas, nem tão egoísta quando descobrimos seus motivos. Mas o melhor é mesmo o Peter Parker para o qual nada na vida deu certo. Imagine um super-herói altruísta que apesar de seus esforços sempre entrou pelo cano, que perdeu a boa forma física e não acredita em mais nada. Uma figura trágica, mas também engraçada, que poderia muito bem ser o Peter Parker que conhecemos e amamos dos quadrinhos que sempre lemos – bastaria apenas um ou dois escorregões ruins para torná-lo num fracassado desiludido. Sua busca para voltar a ser um herói é tocante e representa o que melhor os quadrinhos do Aranha nos deram ao longo dos anos.
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7) Vozes iguais às dos quadrinhos
O elenco de vozes se mostra a escolha perfeita para cada um dos personagens, mais ou menos como as “escutamos” nos quadrinhos. Chris Pine (Star Trek, Mulher-Maravilha) faz o Homem-Aranha heroico e confiante que é a mais perfeita versão do personagem. Shamelik Moore, vindo da TV, dá vida e credibilidade ao garoto ora maravilhado, ora assustado que é Miles Morales. O tom taciturno, cansado e arrastado de Nicolas Cage (Kick-Ass, Motoqueiro Fantasma) cai perfeitamente ao Homem-Aranha Noir. E Jake Johnson (A Múmia) cria a melhor versão possível para um Peter Parker e desanimado e no fundo do poço.
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8) Corre-corre e Quebra-Pau
Só uma animação de alto orçamento poderia criar cenas de ação tão legais, divertidas e emocionantes. Há uma boa sequência de luta inicial e a coisa só melhora a partir daí, com invasões a laboratórios secretos, fugas pela floresta, brigas pela cidade e um clímax emocionante, com um confronto travado em várias frentes.
9) Pós-créditos
O filme traz uma das cenas pós-créditos mais engraçadas dos últimos tempos, que também funciona como uma homenagem a uma das mais amadas versões do Homem-Aranha. Espere sentado pra ver.
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10) Homenagem merecida
O filme também traz uma ou duas tocantes homenagens a Stan Lee, o cocriador do Aranha, que foi para aquela grande redação de quadrinhos no céu em 2018. Prepare um lenço.
A Sony já anunciou desdobramentos e continuações do filme para os próximos anos e ele já é um dos favoritos para levar o Oscar de Melhor Animação de 2018. Se levar, será merecido.

Cotação:

4-e-meio

Mau

 

Maurício Muniz é jornalista, tradutor e editor de livros, revistas e HQs. Gosta do Homem-Aranha, mas acha que a Marvel exagerou com as calamidades que aconteceram com o herói ao longo dos anos

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Um comentário sobre “10 Motivos pelos quais HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO é o melhor filme do herói aracnídeos

  1. Foi preciso um longa animado com direção de arte ousada, criativa, dinâmica e envolvente, enredo bem amarrado e personagens que empolgam (heróis e vilões) – uma das melhores animações que já assisti desde que a Pixar chacoalhou esse segmento – na qual os produtores prometeram uma experiência imersiva na linguagem das HQs e que, na minha opinião, cumpriram a missão, para o Maurício Muniz tirar as teias de aranha do blog (em coma induzido durante 2018 inteiro).
    😀

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