Crítica THOR: O MUNDO SOMBRIO

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O Deus do Trovão está de volta no que pode ser o pior filme da Marvel

Maurício Muniz

Foi um tanto surpreendente que o primeiro filme de Thor, dirigido por Kenneth Branagh em 2011, tenha sido uma boa diversão. Fãs de quadrinhos sabiam que, apesar de toda a mitologia do personagem, não seria fácil fazer um bom filme com o herói da Marvel que pode ou não ser um déus nórdico (voltamos a isso depois). Agora, com seu novo filme, Thor: O Mundo Sombrio, temos a impressão que a primeira aventura nas telas foi mesmo um grande golpe de sorte, já que a nova produção deixa muito a desejar.

O filme se passa após os eventos de Os Vingadores. Loki (Tom Hiddleston) está preso por tentar dominar a Terra enquanto Thor (Chris Hemsworth) viaja pelos nove reinos colocando ordem nas coisas depois que Bifrost, a ponte do arco-íris, foi destruída no primeiro filme. Mas Thor sofre por estar longe de Jane Foster (Natalie Portman), sua amada terráquea, e essa também sente falta do bonitão. Encontros com outros caras não ajudam muito a distraí-la, mas a ocorrência de novas anomalias ligadas aos reinos que existem em paralelo à Terra conseguem e, ao investigá-las, Jane entra em contato com o poder do Ether, um antiga arma dos Elfos Sombrios, que une-se à essência da cientista por acidente.

Os Elfos Sombrios, como é contado numa sequência no início do filme, eram seres saídos da escuridão que desejavam destruir todo o universo, mas foram impedidos pelo avô de Thor. Agora, quando Jane encontra o Ether, escondido dos Elfos há milênios, os vilões voltam à ativa e, liderados por Malekith (Christopher Eccleston, de Doctor Who), partem em busca de Jane para tomar o Ether, que lhes dará o poder para conseguir seus intentos. Para proteger a amada e o resto do universo, Thor leva Jane para Asgard, para evidente contrariedade de seu pai, Odin (Anthony Hopkins).

Até aqui parece legal? Pois não é. A primeira hora do filme é tão chata, arrastada, sem brilho e sem interesse que, se o filme for assistido em casa, você terá vontade de adiantá-lo para chegar logo a algum momento mais interessante. Há diversos culpados por isso. O diretor Alan Taylor, saído da TV, parece não perceber que está trabalhando agora com cinema e faz seu trabalho de maneira burocrática e sem inspiração, com ângulos e enquadramentos que parecem apropriados a um seriado da telinha, não a um filme que deveria impressionar pelas imagens. São raros os momentos em que a narrativa pareça épica ou que os efeitos especiais não pareçam ter saído de um vídeo game. O roteiro, feito a seis mãos, também é prosaico e simplista, com situações fracas e soluções que não convencem totalmente. Não há peso dramático na maioria das cenas, um momento parece puxar o outro sem muito lógica ou vontade, apenas porque precisam estar ali para chegar a um desfecho. Também há situações que parecem deslocadas, como quando “naves espaciais” atacam Asgard e são rechaçadas por canhões laser.

Quase todos os personagens estão mal-aproveitados. Os quatro guerreiros, amigos de Thor, tem pouco a fazer e parecem ter sido perdidomalpagoincluídos no filme apenas porque estavam no anterior. Sif (Jaimie Alexander) ainda tem algum destaque, mas sua participação quase se resume a olhar com uma ponta de ciúme (muito mal-explorado) para Jane Foster. O comediante Cris O’Dowd, de The It Crowd, tem duas cenas tão inócuas que poderiam ser interpretadas por qualquer figurante. Entre os coadjuvantes, a única que se sai melhor é Rene Russo, já que sua Frigga, mãe de Thor, tem mais a fazer desta vez. Hopkins parece entediado o tempo todo, enquanto Portman dá a impressão que só quer que as filmagens acabem logo (ela queria que outra pessoa dirigisse o filme e ameaçou largar o filme quando Taylor foi contratado em seu lugar). Mas o prêmio “Feito nas Coxas” vai mesmo para a terrível edição do filme e seus cortes bruscos, com transições ruins entre a maioria das cenas.

Quando você pensa que o filme não pode piorar… bem, ele não piora, mas também não melhora muito. O clímax acontece na Terra, em uma batalha em Londres que deveria ser épica, mas também se mostra apenas competente, com o agravante de ser recheada de piadas fáceis e meio deslocadas. Pra não falar daquelas eternas coincidências forçadas, que parecem chamar o espectador de idiota sempre (“Oh, que lugar aleatório e misterioso é este onde viemos parar por acaso? Ah, olha as chaves aqui! Então quer dizer que…?”). Vergonha.

Há alguns bons momentos, mas são poucos para um filme com a marca da Marvel. Loki se mostra como um personagem complexo e mais interessante que a maioria, mesmo se em alguns momentos os roteiristas exageram em seu histrionismo. A morte de um personagem importante tem peso e os níveis corretos de drama (embora, imediatamente após seu funeral, ninguém mais parece se lembrar ou sofrer pela sua perda). Ao que se sabe, o diretor Taylor queria que o filme tivesse meia-hora a mais, mas a Disney e a Marvel não deixaram, preferindo um filme mais curto. Talvez, se um dia lançarem essa versão maior em home video, o filme melhore. Mas é difícil acreditar, pelo que se vê aqui.

Para os apressadinhos, um aviso: há uma cena no meio dos créditos e outra ao final. A primeira vai causar, entre os não-leitores de quadrinhos, as mesmas reações da aparição de Thanos em Os Vingadores (“Quem é esse cara…?” e todo mundo correndo pra internet pra pesquisar).  A outra cena, sinceramente, é boba e brega, mas provavelmente será importante para os eventos que veremos nos próximos filmes da Marvel com a presença de Thor.

A vergonha maior do filme, porém, talvez seja que nem identidade definida ele tem. Um discurso de Odin dá a entender que, não, os asgardianos não são deuses nórdicos. Eles são tão humanos quanto os habitantes da Terra, apenas vivem mais. Dá a impressão que alguém da Disney ou da Marvel ficou preocupado que o público possa não gostar ou não entender o conceito de que esses seres poderosos façam parte de um panteão divino saído da mitologia. Quer dizer que os asgardianos seriam extraterrestres? Seres de outra dimensão? Mutantes? O filme não explica.

Por favor, Thor: volte apenas quando você souber quem é. E quando tiver algo de interessante a mostrar.

COTAÇÃO ANTIGRAVIDADE:
2.5

Trailer PERDIDO E MAL PAGO: NERDS EM APUROS:

6 comentários sobre “Crítica THOR: O MUNDO SOMBRIO

  1. Como sempre uma crítica sincera, sem rabo preso com ninguém.
    Depois de assistir ao filme, verei se concordo ou não.
    Cabine com extras do final?
    Queremos brindes também, SORTEIO,SORTEIO,SORTEIO!!!

  2. Concordo com tudo, Maurício. Suas palavras foram muito bem colocadas. Só dei meia estrelinha a mais porque o filme melhorou MUITO no final. As cenas com o Loki fizeram valer o sono do começo. 😉

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